Desde os tempos das animações mudas e em preto e branco, a Disney conseguia transmitir as intenções e pensamentos de seus personagens.
O artista italiano Cento Lodigiani transformou em uma série de GIFs animados os 12 princípios das animações do Walt Disney Studios, desenvolvidos pelos animadores Frank Thomas e Ollie Johnston na década de 1930 e explicados no livro “A Ilusão da Vida”, publicado em 1981. Veja todos reunidos (em inglês) no curta acima, e cada um deles explicado abaixo.
Quando se fala em redesign muitos designers tremem. Uma das coisas mais difíceis dentro da área do design é ter que reprojetar algo que outra pessoa fez, principalmente se este algo já for um trabalho consagrado.
Por muitas vezes reprojetar se mostra um desafio ainda maior do que criar uma nova ideia, exige uma visão abrangente e domínio de um trabalho “pronto” que possui particularidades que só serão descobertas ao decorrer do redesign. Pensar em melhorar algo que não é bom, principalmente se você for usuário deste algo, é mais simples. Agora pense você em transformar algo considerado bom e que funciona em novo. Aí mora o desafio. Como aconteceu com o Finlandês que reinventou o machado, ferramenta criada na pré-história tornando-o mais eficiente e prático. Como fazer tal feito?
Reconhecer a necessidade
O primeiro passo é reconhecer essa necessidade. Ter a visão de que algo pode melhorar, resultando em aspectos positivos. Maior clareza, organização, tornar mais atraente, mais prático, despertar ou renovar o interesse do público, modernizar… os motivos podem ser muitos, mas é fundamental que se tenha um propósito para a mudança.
Entender do que se está reprojetando
Esse item é diretamente atrelado ao anterior. Para se reconhecer a necessidade de mudança, normalmente, é necessário ser familiarizado ou até mesmo ser usuário do que se está reprojetando. A indústria de jogos por exemplo, se alimenta constantemente de opiniões de quem os joga, que por prazer os testam e se apaixonam, o que faz nascer o desejo de melhorias contantes e sugestões. O Mario, o encanador mais famoso do mundo, já passou por muitos reprojetos, até se consolidar.
Claro, nem sempre a vontade de redesign vem de alguém a par do projeto, isto é algo que pode vir do cliente e nesse caso o desafio fica maior. Muitas vezes quando não se tem interesse direto e/ou domínio do assunto os resultados não são bons, diferente de quando essa necessidade parte dos usuários.
Estar aberto ao novo
Entender que para algo ser reprojetado, não basta que uma ou duas coisas sejam alteradas, o novo, coisas que não existiam na época que o projeto original foi feito, deve ser levado em conta. Analisar como incluir novidades no seu reprojeto que farão a diferença.
Estar aberto ao acaso
Não descarte erros ou acidentes tão facilmente. As maiores ideias da humanidade vieram do acaso, de acidentes e de pessoas atentas a eles.
Atenção aos detalhes técnicos
Não basta conhecer e ter a destreza suficiente para realizar um grande trabalho, é preciso entender que estamos lidando com algo que já tem um público e este precisa ser respeitado. O público atual vai entender e saber usufruir do novo design? Você está acompanhando a aceitação do que projetou? O investimento compensa a mudança? Seu trabalho é não só fazer, como também não fazer e aconselhar não ser feito o trabalho caso necessário.
Respeitar a evolução natural do projeto
Não é possível fazer algo surpreendente em um único redesign. Uma marca, por exemplo, leva anos para evoluir e chegar a sua forma consagrada, mudando seu logo e sua filosofia. Aceitar que a evolução é feita de pequenas mudanças é parte importante do redesign e ainda mais difícil que isso, fazer os responsáveis pelo projeto (clientes ou sócios), entenderem isso.
Pode não parecer que mudar cor e um único detalhe seja o suficiente, mas essa pequena mudança pode fazer toda a diferença para o futuro. Um exemplo disso é a Google, que vem mudando suas ferramentas a olhos vistos e evoluindo.
Aqui no blog mesmo já foi mostrado um exemplo de redesign do whatsapp integrado com o Facebook Messenger e como isso pode ser divertido e interessante. Analisar o redesign da Google é um ótimo exercício. As coisas acontecem de forma tão natural, se integrando a modernidade, que nos faz entender como ser bem sucedido com mudanças. Diferente de algumas empresas que permanecem fiéis e as vezes fechadas em sua própria identidade.
Atualmente a página mais famosa da internet tem basicamente um logo e um pequeno box do tamanho do seu dedo indicador. Sim, a magnânima página de busca do Google:
Já pensou como seria refazer esta página? Poderia se tornar uma dor de cabeça, afinal cada um tem uma visão de como a Google deveria ser.
Respeitando o minimalismo e a modernidade, duas características que a Google presa bastante, o estudante Jake Nolan (atualmente muitos estudantes tem ganhado destaque por criarem novas propostas para projetos de grandes empresas) recriou a página dando a importância devida ao campo de busca, que foi completamente demolido e ficou sem suas 4 paredes. Virou um cursor gigante.
O que tem de simples, tem de óbvio.
Jon Wiley, o lead designer do Google, responsável pela página de busca, admite que já passaram por um pequeno aumento da caixa no passado, e que apesar de ser uma mudança sutil, a diferença em termos de usabilidade foi muito grande.
Um projeto como esse seria um grande passo, principalmente porque funcionalidades já conhecidas (opções de pesquisa) ficariam comprometidas. Optar por pequenas mudanças, ao invés de grandes inovações é uma forma sábia de proceder se tratando de redesign.
Já faz algum tempo que a Google vem preparando o Project Ara. Se você ainda não ouviu falar sobre ele, é bom se atualizar, pois isso pode ser a tendência no mundo dos smartphones em alguns anos. E o que é esse projeto afinal? Em resumo: trata-se de um sistema que cria smartphones modulares, mas será que é só isso?
Na verdade a proposta dos smartphones modulares vai bem além da simples “troca de peças”. O que os criadores do Project Ara pretendem fazer é, nas palavras deles mesmos, “democratizar o ecossistema de hardwares, abrindo espaço e tirando a obrigatoriedade do intermédio das montadoras”. Ou seja, levar aos celulares o que é possível nos computadores.
Assim como é possível montar um PC com placa de vídeo de uma fabricante ou de outra — levando isso também para praticamente todos os componentes de hardware —, nos smartphones seria possível alterar dispositivos e até mesmo adaptar os aparelhos às necessidades de cada momento. Parece uma ótima ideia, não é mesmo?
O que é isso exatamente?
Em termos bem diretos: o Project Ara é um projeto encabeçado por Paul Eremenko que muda os paradigmas da telefonia móvel. Em vez de oferecer celulares prontos, ele prevê que as empresas possam vender peças para um smartphone, sendo que o próprio consumidor é responsável pela modificação dos componentes — que seriam vendidos como módulos de montagem para o público final.
Dessa maneira, qualquer comprador poderia escolher quais são os componentes que querem instalados em seus aparelhos. Depois de algum tempo de utilização, torna-se possível alterar os módulos de memória ou da câmera, além também de ser fácil a inclusão de novos recursos ou troca de outros.
Como podem ocorrer as trocas?
Segundo a Google, todas as trocas de componentes ocorrem de uma maneira muito simples, graças ao modelo de acoplamento magnético. Como você pode ver na imagem abaixo, pequenos ímãs conectam a estrutura principal aos módulos para fazer com que os consumidores não precisem de ferramentas avançadas na hora de realizar qualquer upgrade nos sistemas.
Em que passo está o desenvolvimento?
Na última terça-feira, a Google realizou uma conferência para desenvolvedores, na qual foram mostradas algumas das possibilidades que serão oferecidas pelo Project Ara. Como relata o site Engadget, a apresentação foi marcada pelo fato de que um colaborador da Google derrubou o smartphone modular no chão e fez com que a tela dele fosse quebrada. Em poucos minutos ela foi trocada sem o uso de equipamentos profissionais.
Isso surpreendeu muito os presentes no evento, pois mostrou que realmente há um grande atrativo nesse tipo de tecnologia e que ele pode ser realmente comercial. Mas é preciso dizer que o aparelho ainda está longe de ser funcional — ele pode ser ligado e apresenta pequenas interações, mas ainda não é um smartphone completo —, pois está em estágios muito primários do desenvolvimento.
Previsão para o começo de 2015
Apesar de ainda precisar de vários ajustes no funcionamento, o Project Ara está previsto para chegar às lojas em janeiro do ano que vem. Segundo o site The Guardian, a Google quer fazer com que ele chegue às prateleiras com várias opções de personalização, não sendo apenas uma versão limitada para desenvolvedores.
Para quem ele será criado?
O Project Ara deve atingir dois tipos de mercado: o de entusiastas da tecnologia e o de países emergentes, este sendo o principal. Existem estudos que mostram que há 5 bilhões de pessoas no mundo que utilizam “feature phones” — aparelhos mais simples, que oferecem funções básicas de acesso à internet, mas que não chegam a ser smartphones completos.
E é para esses consumidores que a Google quer lançar o Ara. Já existem planos para a chegada do “Grey Phone” nesse nicho, que seria um pacote básico com tela, processador e módulo Wi-Fi. Isso poderia custar apenas US$ 50 e garantiria a utilização das funções mais básicas às quais um smartphone se propõe. Outras funcionalidades poderiam ser acrescentadas por meio de módulos adicionais.
Grandes diferenciais do Ara
Além de ser modular e garantir a troca rápida de componentes, o Project Ara também trará vantagens em outros aspectos — caso cumpra todas as promessas que vem propondo, é claro. Com a possibilidade de alternar peças, os aparelhos podem ter vida útil mais longa, não ficando obsoletos em menos de dois anos — apesar de isso não se aplicar aos componentes.
Personalização
Não são apenas os componentes internos do aparelho que poderão ser personalizados. Os módulos externos também garantem a composição de diversos designs para os smartphones. Dessa forma, os consumidores vão poder escolher entre grandes quantidades de cores para criar celulares que se encaixam perfeitamente nas preferências pessoais.
Assim como aconteceu com o Moto X, o Project Ara vai contar com um sistema próprio para a personalização, chamado “Ara Configurator”. Dessa forma, os consumidores podem aplicar texturas, imagens ou padrões que serão impressos nos módulos reservados para cada sistema dos smartphones.
A divisão ATAP da Google — Projetos e Tecnologias Avançadas — garante também que os aparelhos terão três “modulações” diferentes quando chegarem às lojas. Uma versão mais básica dos aparelhos terá seis compartimentos para encaixe de funcionalidades e componentes, enquanto versões mais avançadas vão oferecer mais possibilidades.
Mas o que pode ser encaixado?
Você se lembra de uma das grandes diferenças entre o iPhone 5 e o iPhone 5S? Além das evoluções do hardware, algo que chamou muito a atenção do público foi a chegada do TouchID, que permitia o desbloqueio dos aparelhos por meio da impressão digital. Em um aparelho modular isso poderia ser adicionado sem precisar de uma nova geração de aparelhos.
Isso mesmo, um leitor biométrico modular poderia ser encaixado para garantir a nova função. E isso é só o começo. A Google promete que serão produzidos medidores de batimentos cardíacos, câmeras e adicionais para elas, leitores de cartão de crédito e muito mais. Praticamente qualquer dispositivo pode ser conectado modularmente e isso abre um enorme leque de possibilidades para os desenvolvedores.
É claro que há questões que vão além dos “sonhos dos inventores”. Módulos precisam ser pensados de um modo que se encaixem sem problemas nos smartphones e também podem haver problemas de compatibilidade entre componentes. Mas todos esses problemas podem ser solucionados em poucos anos, desde que os investimentos prossigam — é possível que a versão lançada em 2015 não tenha todas as possibilidades imaginadas pela Google.
O Project Ara é uma ideia incrível e revolucionária, podendo quebrar paradigmas e criar novas possibilidades incríveis para os consumidores. Como já dissemos, deve levar alguns anos até que isso seja possível com toda a amplitude prevista. Mas é preciso dizer que os avanços estão ocorrendo e são promissores. Você apostaria em um aparelho desse tipo?
Esse curta conta a história de Maria e seu amigo com paralisia cerebral. É uma história emocionante que nos mostra como temos muito que aprender sobre conviver com diferenças. Ele me lembrou muito um outro curta que também fala sobre diferenças. Cuerdas é ganhador do “Prémio Goya” na categoria de melhor filme de curta-metragem de animação.
A uns anos atrás assisti a uma palestra do diretor cinematográfico, produtor, animador e dublador brasileiro Carlos Saldanha. Além de acumular títulos, Saldanha é um cara legal. Eu sei que essa descrição não é nada profissional, mas hoje após conhecer melhor a vida e a carreira dele digo que essa é a melhor forma de descrevê-lo. Ele é autor de “A Era do Gelo“, “Robôs“, “Rio” e outros trabalhos, mas o que impressiona mais não são suas obras apenas, mas a sua trajetória.
Assim como muitos do meio artístico Saldanha ouviu coisas como “arte você sabe né? Arte é hobby, você não consegue ganhar a vida fazendo arte”, e o que mais impressiona foi a forma leve e descontraída que ele levou e fala a respeito dessas dificuldades que passou e isso foi exatamente o que me chamou atenção na primeira vez que vi esse vídeo. A palestra de Saldanha foi um divisor de águas para mim, porque mostra de forma muito simples como as coisas realmente funcionam, por isso hoje deixo este post: “A vida animada de Carlos Saldanha: Dos primeiros rabiscos à Era do Gelo” e espero que inspire a quem assistir assim como me inspirou anos atrás.
Esse post é para você que só quer saber de ler tutorial e acha que somente com isso é possível ter base teórica para realizar bons trabalhos. Para você também que acha que a vida não é só feita de tutoriais e acredita que livros mais abrangentes sobre design, publicidade e comunicação podem lhe dar uma visão mais ampla do mercado, lhe ajudando na criação de sites ou na venda de seu trabalho.
Trago para vocês uma lista de 31 livros totalmente gratuitos, trazendo apenas o que interessa ao nosso trabalho, livros sobre design, publicidade e comunicação, todos em português e disponível para download. Tem leitura aí pra um ano todo. Boa leitura!
A criatividade se manifesta de forma misteriosa e muitas vezes paradoxal. O pensamento criativo é uma característica estável e marcante em muitas personalidades, mas ela também pode mudar de acordo com a situação e contexto. Muitas vezes a inspiração e ideias parecem surgir do nada e depois desaparecem quando mais precisamos delas – e o pensamento criativo exige uma cognição complexa, porém totalmente distinta do processo utilizado para o pensamento.
A neurociência pinta um quadro complicado da criatividade. Atualmente, os cientistas entendem a criatividade como algo bem mais complexo do que a divisão do cérebro em hemisférios direito e esquerdo nos leva a pensar (a teoria de que o lado esquerdo do cérebro = pensamento racional e analítico e o lado direito = pensamento criativo e emocional). Na realidade, acredita-se que a criatividade engloba vários processos cognitivos, caminhos neurais e emoções e mesmo assim não temos toda a dimensão de como a mente imaginativa funciona.
E, psicologicamente falando, pessoas com personalidade criativa são difíceis de definir, especialmente por serem complexas, paradoxais e geralmente evitarem hábitos ou rotinas. E esse não é apenas um estereótipo do “artista torturado” – os artistas podem de fato serem pessoas mais complicadas. Pesquisas sugerem que a criatividade é fruto da combinação de várias características, comportamentos e influências sociais em uma única pessoa.
“O autoconhecimento é de fato difícil para pessoas criativas, pois o ser criativo é mais complexo do que o não criativo”, afirmou Scott Barry Kaufman, psicólogo da New York University que passou vários anos pesquisando a criatividade, em entrevista ao The Huffington Post. “As coisas que mais se destacam nas pesquisas são os paradoxos do ser criativo… Pessoas com imaginação aguçada tem mentes mais ‘bagunçadas’ ”.
Ainda que não exista uma personalidade criativa “padrão”, existem algumas características e comportamentos comuns às pessoas altamente criativas. Veja aqui 18 coisas que elas fazem diferente.
Elas sonham acordadas.
Pessoas criativas sabem que sonhar acordado não é perda de tempo, apesar do que os seus professores tenham lhes dito quando eram crianças.
De acordo com Kaufman e com a psicóloga Rebecca L. McMillan, que é co-autora de um artigo intitulado “Ode Ao Sonhar Acordado”, essas viagens da mente podem auxiliar no processo da “incubação criativa”. E claro, muitos já tiveram a experiência de ter uma ideia genial surgir aparentemente do nada, justo quando nossa mente está divagando.
Apesar do sonhar acordado parecer não exigir nenhuma atividade cerebral, um estudo de 2012 sugere que o cérebro pode na verdade estar altamente engajado nessas ‘viagens’ – elas podem repentinamente resultar em conexões e conclusões pois estão ligadas à nossa habilidade de recordarmos informações mesmo frente às distrações. Os neurocientistas também descobriram que sonhar acordado ativa os mesmos processos cerebrais associados à imaginação e à criatividade.
Elas observam tudo.
O mundo é a ostra da pessoa criativa – elas veem possibilidades por toda parte e estão constantemente absorvendo informações que alimentam a expressão criativa. Como disse o escritor Henry James em sua famosa citação, um escritor é alguém para quem “nada se perde”.
A escritora Joan Didion carregava sempre um caderno e disse que fazia anotações sobre pessoas e eventos, como uma forma de melhor entender as complexidades e contradições da sua própria mente:
“Não importa o quão zelosos somos em registrar o que vemos ao nosso redor, o denominador comum de tudo que vemos é sempre, de forma transparente e sem vergonha, o implacável “Eu”, Didion escreveu no ensaio On Keeping A Notebook. “Estamos falando de algo privado, fragmentos da mente curtos demais para serem usados, uma montagem indiscriminada e aleatória que fazem sentido apenas para quem as anota”.
Elas trabalham no horário que é melhor para elas.
Muitos artistas renomados afirmam que trabalham melhor ou bem cedo de manhã ou muito tarde à noite. Vladimir Nabokov começava a escrever assim que acordava, as 6 ou 7 da manhã e Frank Lloyd Wright costumava acordar às 3 ou 4 da manhã, trabalhar durante várias horas e depois voltava a dormir. Não importa o horário, pessoas com grande produção criativa geralmente descobrem quando as suas mentes funcionam melhor e planejam seus dias de acordo com isso.
Elas separam um tempo para a solitude.
“Para estar aberto à criatividade, a pessoa tem que ter a capacidade de usar a solitude de maneira construtiva. É necessário superar o medo de estar sozinho”, escreveu o psicólogo existencial americano Rollo May.
Artistas e criativos muitas vezes são taxados de solitários e apesar disso não ser verdade, a solitude pode ser o que lhes permite produzir o melhor trabalho. Para Kaufman, isso está relacionado novamente ao sonhar acordado – nós precisamos passar tempo sozinhos para simplesmente permitir que as nossas mentes possam viajar.
“Você precisa estar atento àquele monólogo interior para que possamos expressá-lo”, ele afirma. “É difícil encontrar aquela voz interior criativa se você…não está em contato com o seu eu interior e refletindo sobre si mesmo”.
Elas conseguem transformar os obstáculos em algo bom.
Muitas das histórias e músicas mais icônicas de todos os tempos foram inspiradas por dor e desilusões – e o lado bom desses desafios é que elas podem servir como um catalisador para a criação de ótimo arte. Um campo emergente da psicologia chamado de crescimento pós-traumático vem sugerindo que muitas pessoas conseguem usar as dificuldades da vida e os traumas da infância e juventude para o crescimento criativo. Especificamente, pesquisadores descobriram que traumas podem ajudar as pessoas a crescerem nas áreas de relacionamentos interpessoais, espiritualidade, apreciação pela vida, força pessoal e – o que é mais importante para a criatividade – a vislumbrar novas possibilidades na vida.
“Muitas pessoas conseguem usar isso como o combustível que precisam para encarar a realidade de uma outra forma”, diz Kaufman. “O que aconteceu é que a visão que elas tinham do mundo como um lugar seguro ou como um certo tipo de lugar foi destruída em algum momento de suas vidas, levando-as a olhar a vida de fora e enxergar as coisas de maneira nova e diferente, e isso é muito propício para a criatividade”.
Elas buscam novas experiências.
Pessoas criativas gostam de se expor a novas experiências, sensações e estados de espírito – e essa abertura prevê o resultado criativo de forma significativa.
“A abertura a novas experiências é o mais forte e confiável indicador da realização criativa”, afirma Kaufman. “Isso inclui muitas facetas diferentes, mas elas estão todas relacionadas: a curiosidade intelectual, busca por emoção, abertura aos sentimentos, abertura à fantasia. A coisa que une todas elas é um desejo pela exploração cognitiva e comportamental do mundo, tanto o seu mundo interior quanto o seu mundo exterior”.
Elas aprendem com os erros.
A resiliência é praticamente um pré-requisito para o sucesso criativo, diz Kaufman. O trabalho criativo é muitas vezes descrito como um processo em que se falha repetidamente até que encontre algo que dá certo e pessoas criativas – pelo menos as bem-sucedidas – aprendem a não encarar os erros de forma tão pessoal.
“Pessoas criativas falham e aquelas que são muito boas falham com frequência”, escreveu o colunista da revista Forbes Steven Kotler em um artigo sobre a genialidade criativa de Einstein.
Elas fazem as perguntas mais complexas.
As pessoas criativas possuem uma curiosidade insaciável – geralmente escolhem examinar profundamente a vida – e à medida em que vão envelhecendo, não deixam de ter curiosidade sobre a vida. Seja através de conversas intensas ou de reflexões solitárias, pessoas criativas olham para o mundo ao seu redor e querem saber por quê e como as coisas são do jeito que são.
Elas observam as pessoas.
Devido à natureza observadora e à curiosidade sobre as vidas dos outros, pessoas criativas muitas vezes amam observar as pessoas – e talvez até gerem suas ideias a partir dessas observações.
“[Marcel] Proust passou praticamente toda a sua vida observando as pessoas e ele anotava essas observações, que acabavam saindo em seus livros”, diz Kaufman. “Para muitos escritores, observar pessoas é muito importante… Elas são observadoras perspicazes da natureza humana”.
Elas arriscam.
Arriscar faz parte do trabalho criativo e muitas pessoas criativas são motivadas pelos riscos que tomam em vários aspectos de suas vidas.
“Há uma conexão profunda e significante entre arriscar e ser criativo e essa conexão muitas vezes é menosprezada”, escreveu Steven Kotler na Forbes. “A criatividade é o ato de criar algo a partir do nada. Ela requer expor publicamente aquelas apostas que fazemos primeiro em nossa imaginação. Essa não é uma tarefa para os tímidos. O tempo desperdiçado, a reputação abalada, o dinheiro investido de forma errada – todos esses fatores são consequências da criatividade mal-sucedida”.
Elas encaram a vida toda como oportunidade de auto-expressão.
Nietzsche acreditava que a vida e o mundo devem ser encarados como uma obra de arte. Pessoas criativas podem estar mais propensas a ver o mundo dessa forma e a constantemente buscar oportunidades de auto-expressão no dia a dia.
“A expressão criativa é uma auto-expressão”, diz Kaufman. “A criatividade nada mais é do que uma expressão individual de suas necessidades, desejos e singularidade”.
Elas seguem suas verdadeiras paixões.
Pessoas criativas tendem a ter uma motivação intrínseca – o que significa que elas agem movidas por um desejo interno e não por uma recompensa ou reconhecimento externo.
Psicólogos mostram que pessoas criativas são energizadas por atividades desafiadoras, o que demonstra uma motivação intrínseca e as pesquisas sugerem que simplesmente pensar em razões intrínsecas para realizar uma atividade pode ser o suficiente para aumentar a criatividade.
“Pessoas potencialmente criativas escolhem e podem se envolver de forma apaixonada em problemas desafiadores e arriscados que geram um forte sentimento a partir da habilidade de usarem seus talentos”, escrevem M.A. Collins e T.M. Amabile no livro The Handbook of Creativity (O Guia da Criatividade).
Elas tentam pensar de forma diferente.
Kaufman argumenta que outro propósito do ‘sonhar acordado’ é nos ajudar a ver além da nossa própria perspectiva limitada e explorar outras formas de pensar, que pode ser uma importante ferramenta para o trabalho criativo.
“O ‘sonhar acordado’ acabou evoluindo e nos permite abrir mão do presente”, diz Kaufman. “A mesma rede cerebral associada ao sonhar acordado é a rede associada também com a teoria da mente – gosto de chamá-la de ‘rede cerebral da imaginação’ – que lhe permite imaginar como você será no futuro e também imaginar o que outra pessoa está pensando”.
As pesquisas sugerem também que induzir o ‘distanciamento psicológico’ – isso é, assumir o ponto de vista de outra pessoa ou pensar sobre uma questão como se ela não fosse real ou conhecida – pode estimular o pensamento criativo.
Elas perdem noção do tempo.
Pessoas criativas podem vir a descobrir que quando elas estão escrevendo, dançando, pintando ou expressando-se de outra maneira, que elas entram em um estado mental ‘otimizado’ ou no que é conhecido como ‘estado de fluxo’, que pode ajudá-los a criar em um nível mais alto. Esse fluxo é um estado mental em que uma pessoa transcende pensamentos conscientes a fim de alcançar um estado mais aguçado de concentração e calma, sem fazer maiores esforços. Quando alguém está nesse estado, fica praticamente imune a qualquer pressão interna ou externa ou a distrações que possam prejudicar o seu desempenho.
Você pode entrar no estado de fluxo quando você está desempenhando uma atividade que você gosta, mas que também lhe desafia – como qualquer bom projeto criativo faz.
“As pessoas criativas descobrem as coisas que amam fazer, mas também desenvolveram as habilidades que precisam naquela área para entrar no estado de fluxo”, diz Kaufman. “O estado de fluxo exige uma combinação entre as suas habilidades e a tarefa ou atividade na qual você está envolvido”.
Elas vivem rodeadas de coisas belas.
Pessoas criativas geralmente tem bom gosto, e consequentemente, gostam de estar cercadas de coisas bonitas.
Uma pesquisa recente publicada no periódico Psychology of Aesthetics, Creativity, and the Arts mostrou que músicos – incluindo músicos de orquestras, professores de música e solistas – são dotados de maior sensibilidade e respondem mais à beleza artística.
Elas ligam os pontos.
Se existe uma coisa que distingue as pessoas altamente criativas das outras, é a habilidade de enxergar possibilidades onde outros não enxergam – ou, em outras palavras, ter visão. Muitos grandes artistas e escritores já disseram que a criatividade é simplesmente a habilidade de ligar os pontos que outros nunca pensariam em ligar.
“A criatividade é simplesmente conectar as coisas. Quando você pergunta às pessoas criativas como elas fizeram alguma coisa, eles sentem-se um pouco culpadas, pois na verdade não fizeram de fato, apenas viram algo. Depois de um tempo a coisa ficou óbvia. Isso aconteceu porque eles conseguiram fazer a ligação entre as experiências que já tiveram e então sintetizaram coisas novas”.
Elas estão sempre ‘agitando’ as coisas.
Mais do que qualquer outra coisa, a diversidade das experiências é essencial para a criatividade, diz Kaufman. Pessoas criativas gostam de ‘agitar’, experimentar coisas novas e evitam qualquer coisa que torne a vida mais monótona ou corriqueira. “As pessoas criativas têm uma maior variedade de experiências e a rotina acaba assassinando a diversidade de experiências”, diz Kaufman.
Elas separam tempo para reflexão.
Pessoas criativas entendem a importância de uma mente livre e focada – pois o seu trabalho depende disso. Muitos artistas, empreendedores, escritores e outros profissionais criativos, tais como David Lynch, recorrem à meditação como uma ferramenta para atingir o estado de criatividade máxima de suas mentes.