Assista La Linea, Animações Italianas Populares da década de 70, desenhadas com uma única linha

Simplicidade não é o objetivo. É o subproduto de uma boa idéia e expectativas modestas.

Assim falou o designer Paul Rand, um homem que sabia algo sobre fazer passar uma ideia, tendo criado logos icônicos para marcas muito conhecidas como ABC, IBM e UPS.

Um exemplo da observação de Rand, La Linea, aka Mr. Line, um personagem tão querido e enganosamente simples, desenhado com uma única linha contínua, começou como um figurante para uma companhia de panelas italiana. Não importa o que ele consegue fazer em dois ou três minutos, ele determinou que ele eventualmente vai intrometer-se contra as limitações da sua realidade linear. Sua vibração, a resposta apoplética provou um sucesso com os telespectadores em apenas alguns episódios, então a conexão com as panelas foi cortada. Mr. Line passou a se tornar uma estrela global em seu próprio direito, aparecendo em 90 animações curtas ao longo de sua história de 15 anos, começando em 1971. Encontre muitos dos episódios no Youtube aqui.

A fórmula soa bastante simples. O animador Osvaldo Cavandoli inicia cada episódio, traçando uma linha horizontal em lápis de cera branca. A linha assume forma humana. Mr. Line é um cara atentado, do tipo que se entrega a tudo o que é que ele está fazendo, sendo admirando as meninas na praia, tocando piano clássico ou patinação no gelo.

A locução do artista Carlo Bonomi contribui em grande parte com o charme de Mr. Line. Com um sotaque italiano, mas com sua trilha vocal 90% de jargão improvisada, com um punhado de dialetos. Veja-o canalizar o personagem na cabine de gravação, abaixo.

Veja aqui Cavandoli e Mr. Line batendo um papo.

via Open Culture

Out of Sight

Este pequeno filme bonitinho feito por estudantes, um projeto de graduação de Ya-ting Yu com os colegas Yeh Ya-Hsuan e Chung Ling da Taiwan National University of Arts, deve muito a Miyazaki, um dos mais famosos e respeitados criadores do cinema de animação japonesa. Eles pegaram as ideias certas do Mestre e a versão final do filme, Out Of Sight, é carregada com imaginação e coração.

Destino

Em 1946, dois artistas lendários começaram uma colaboração de um curta metragem. Mais de meio século depois, sua criação foi finalmente completa.

Escondido nos Arquivos dos Estúdios Disney, estava um projeto de um curta com a arte de Walter Elias Disney com Salvador Dali. Em meados dos anos 40, Disney esquematizou com Dali para promoverem um curta baseado em suas artes surrealistas. Porém Disney não tinha dinheiro o suficiente para continuar, então só foram produzidos 17 segundos do curta original.

Animação baseada em uma canção do compositor mexicano Armando Dominguez com o mesmo título e fortemente inspirada no mundo surreal do pintor espanhol Salvador Dalí. Este curta-metragem foi planejado para ser integrado ao filme “Música, Maestro!“. Um cenário de animação e alguns testes foram realizados a partir de Janeiro de 1946.

Após o lançamento do Fantasia 2000, Roy E. Disney, sobrinho de Walt Disney, decidiu retomar a produção deste filme. Ele teve sua produção, principalmente no Walt Disney Animation Studios na França em Montreuil, perto de Paris. Finalmente, concluído na forma de um curta-metragem de 6 minutos, foi exibido em festivais e prêmios e no Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy, em 2003. O filme foi exibido na exposição Era uma vez Walt Disney, que foi realizada no Nationales Galeries du Grand Palais em Paris, de 16 de setembro de 2006 a 15 de Janeiro de 2007.

Nem Walt e nem Dalí viveram para ver sua obra pronta, mas sem sombra de dúvidas ficou belíssima. A delicadeza do curta faz juz ao estilo de Walt e as obras e clima de sonho com certeza teriam agradado Dalí, que foi uma figura singular.

Fran Krause e seus mais profundos medos sombrios

Se você tem os medos mais absurdos que existem, não se preocupe, você não está sozinho nesta lista de neuróticos. Além de mim claro, o artista e animador Fran Krause tem uma mente muito pertubada e resolveu explorar os seus mais profundos e embaraçosos medos criando uma série de tirinhas chamadas Deep Dark Fears. Eu poderia tentar explicar do que se trata, mas acredite, você vai achar melhor descobrir por sí próprio.

Tem um espelho no meu quarto. Eu me preocupo que, enquanto estou dormindo, meu reflexo se sente e fique me assistindo.
Eu me preocupo em cair e morder fora um pedaço da minha língua, daí quando eu ligar para a emergência, eles não consigam me entender.
Às vezes quando eu estou fazendo cocô, eu me preocupo que nesse momento eu esteja tendo um sonho e que na verdade eu esteja fazendo cocô nas calças em algum lugar.
Um dia eu estarei procurando alguém no Facebook, e acidentalmente digitarei o nome da pessoa na caixa de “Status” ao invés da caixa de busca, e ela vai ser marcada automaticamente no post, e eu não vou perceber até que todo mundo já tenha visto.
Quando eu era pequeno eu me preocupava que quando eu acordasse, eu descobriria que minha família estaria tomando café com um clone meu. Nós lutariamos até a morte e então minha família terminaria o café calmamente.
Às vezes eu sinto como se as pessoas estivessem lendo a minha mente, então eu penso em algo engraçado. Porque assim, se eu escutar alguém rindo, eu vou ter certeza.
Quando eu era pequeno, minha mãe me disse que se eu continuasse fazendo xixi na cama, vermes iriam crescer no colchão e eles iam me comer vivo.
Quando eu digo “oi” para as pessoas e elas não me respondem, eu fico preocupado de que eu estou morto e apenas não sei ainda.
Sempre que eu pego o elevador, eu fico preocupado que assim que eu pisar fora dele, o elevador caia e me corte no meio.
Às vezes eu me preocupo que na verdade eu esteja gritando constantemente e as pessoas simplesmente fingem que eu sou normal.
Quando eu limpo meus ouvidos com um cotonete, eu me preocupo que alguém abra a posta do banheiro e enfie o cotonete no meu cérebro. Por isso quando eu limpo meus ouvidos, eu tranco a porta e fico em pé vestido na banheira.
Quando eu acordo, eu abro os olhos bem devagar, porque se alguma coisa estiver no meu quarto, da tempo dela se esconder.
Inverno é uma ótima época para patinar no gelo com alguém que você ama. Se eles caírem, não passe em cima dos dedos deles acidentalmente cortando fora.
Quando eu era criança, um padre me contou sobre Maria, como Deus pensou que ela era perfeita, então ele a fez engravidar. Eu não queria que Deus me engravidasse, então eu tentei não ser o tipo dele.
Eu me preocupo que minha vida seja uma ilusão. Seja tudo um sonho. Eu me preocupo que eu acorde um dia e perceba, que sou um cachorro muito imaginativo.
Tarde da noite, quando eu estou sozinho, eu escuto vozes baixinhas chamando meu nome. Eu me preocupo que minha vida seja um sonho, e na realidade eu estou em coma e as vozes são minha família tentando me acordar.
No ar gelado do inverno, meu fôlego se torna visível. Eu espero que isso não signifique que as pessoas consigam ver meus peidos.

Fran Krause

Website
Deep Dark Fears

A técnica e o desapego de Gustavo Rodrigues

Pois bem, aqui tem um cara que você precisa conhecer! Gustavo Rodrigues é um ilustrador e designer que sabe o que faz e com certeza vai abrir a sua mente.

Gustavo é uma daquelas pessoas de talento que possuem contas em redes sociais de arte e que fazem você passar raiva pensando “como ele faz isso com tanta facilidade?”. Ele tem um estilo que o identifica e opinião forte sobre como conduzir sua arte, talvez a mais interessante é o abandono da borracha.

Enquanto a maioria se preocupa com a perfeição e em mostrar como é bom no que faz, ele surpreende dizendo que erra e isso não o incomoda. Em vez de tentar fazer a melhor arte de todas, corrigindo cada erro, Gustavo simplesmente desapega deles. Segundo ele os erros são importantes e você deve saber aceitá-los e conviver com eles, pois só assim irá melhorar. Se você apagar cada linha torta que fizer, simplesmente não irá evoluir para a próxima vez que fizer aquele tipo de trabalho.

O trabalho desse ilustrador utiliza diversas técnicas, quase sempre tendo por base a sobreposição de cores para criar profundidade. Desde o esboço, cada cor representa um nível diferente na profundidade do desenho e os resultados são bem legais. Mas com certeza o que impressiona mais no que Gustavo faz é facilidade que ele demonstra na criação de rostos em seus speed paintings. Os treinos são constantes e revelam o seu grande talento.

Então se é um dos que ficam se perguntando como pessoas como ele fazem uma arte tão legal, se prepare e preste atenção. O Urucum Digital perguntou a ele e você vai ficar muito satisfeito em saber que as repostas não foram apenas “treino e dedicação” como todo artista diz.

Com certeza todos que te conhecem logo reconhecem o seu talento. A facilidade que você passa pra gente em tudo o que faz é impressionante. Desenhar, trabalhar com arte em geral, sempre foi assim, algo orgânico para você? Como foi o seu processo de aprendizado até chegar no nível em que você está hoje? Você fez ou faz cursos, aulas?

Antes de tudo obrigado pelo espaço! Acho que como todos os que trabalham com ilustração, o desenho sempre esteve presente. Não me recordo de um período se quer da minha vida que tenha passado sem desenhar, faz parte de mim desde muido cedo. O meu processo de aprendizado é fundamentado em grande parte pela minha vontade de evoluir no que eu gosto. Eu fiz algumas aulas de desenho no curso de graduação, mas foram as únicas.

Você continua aprendendo certo? Constantemente vemos treinos de rostos, speed painting em suas redes sociais. Treinar é algo que te agrada ou as vezes tem que se forçar?

COM CERTEZA! O aprendizado é contínuo e nunca vai acabar, sempre haverá espaço para melhorar. Na verdade os treinos, estudos, sketches (como preferir) são o que mais me agrada, é quando me conecto com o meu eu de 12 anos de idade que desenhava o mesmo power ranger em 100 folhas diferentes e sempre achava que o último era o melhor, até fazer o próximo.

Você é um artista que vive a arte que faz. Seu estilo, roupas, gosto musical, tudo se remete no que você faz. Você considera ideal a arte ser parte de você ao invés de ser puramente comercial? De fazer aquilo que gosta ao invés do que te pedem?

Eu acho que meu trabalho PESSOAL reflete minhas aspirações porque esse é o caminho natural das coisas. Vai sair da minha cabeça o que tem dentro, por mais óbvio que isso possa parecer. Mas isso é só uma parte do que eu produzo, que é o que eu mostro nas midias socias e tudo mais. A outra grande parte da produção são trabalhos comerciais, que não necessariamente representa o que eu gosto. E é muito difícil acontecer um trabalho comercial que se alinhe perfeitamente com o que você gosta realmente, mas isso ajuda o artista a rever suas referências e crescer como profissional, além de assegurar o pão e o leite com nescau. Quando acontece, e os astros colaboram hahaha, surge o trabalho perfeito e com certeza é um deleite.

Sua aparência é um tanto inusitada, de certa forma chama a atenção (Gustavo é um gigante barbudo, forte, com cara de bárbaro, brinco, tatuagens…), quem te conhece o mínimo sabe o quanto você é um cara bacana e gentil, isso se percebe rapidamente conversando com você, mas como as pessoas que não te conhecem reagem a você? Os clientes por exemplo.

Hahaha! Para falar a verdade, nunca prestei tanta atenção na reação dos clientes. Não me recordo de nenhuma situação inusitada. Mas várias vezes as pessoas evitam sentar ao meu lado no ônibus.

Sua relação de amor com sua barba fica clara nos desenhos que faz hehe, algum dia veremos você sem ela?

Um simples e sonoro NÃO hahaha.

Eu já vi você fazendo de tudo um pouco, pintura digital com diversos processos diferentes, pintura tradicional, sketches para se tornarem tatuagens, pintura na parede, participação em trabalhos que viram animações, arte para capa de CDs… qual desses setores você atua mais e qual o processo mais “comum” que você utiliza até chegar na arte final de um projeto?

Atualmente trabalho na Eye Move, que é um estúdio de animação, e a maioria do que eu faço por aqui envolve pintura digital, de diversas formas diferentes. O meu processo de criação é um pouco caótico e nunca se repete completamente (Graças a Deus, não sou só eu!), mas segue alguns passos que são fixos: thumbnails (pequenos rascunhos), rascunho final (quando a composição está melhor definida), definição da paleta de cores e a pintura propriamente dita.

Você erra muito quando tenta fazer algo novo? Pesquisa antes como fazer ou vai metendo a cara?

Com certeza, mas não uso a borracha. Não me apego ao que crio e por isso não espero que vá ser perfeito. Se eu errei vou para o próximo com esse conhecimento acumulado e assim vai. A princípio vou metendo a cara, quando surge alguma dúvida me perco em tanta pesquisa.

Atualmente você trabalha na Eye Move, uma empresa de arte, animação e entretenimento. Como é seu trabalho lá? O mercado local tem aberto boas oportunidades para vocês?

Eu não poderia trabalhar em um lugar melhor, com tantos amigos talentosos! O mercado tem os altos e baixos como qualquer outro e nós vamos firme sem deixar a peteca cair.

Com todo esse talento imagino que todo mundo te peça desenhos, retratos… já pensou em dar aulas ou já trabalha com isso?

Já cheguei a ministrar algumas oficinas e workshops e a experiência foi bem legal! Ainda não tem nada formal, mas penso nisso o tempo todo.

Imagino que como todo mundo você tenha hobbies, vida pessoal… uma vida né? Com tanto trabalho, treino, estudo, sobra tempo para viver?

Se não sobrasse não valeria a pena para mim! Eu gosto muito de praticar esportes, isso é uma das minhas prioridades. Atualmente treino powerlifting e vou até participar de campeonato!! Me casei recentemente, tenho dois cachorros sedentos por atenção, uma família gigante e festeira, então minha vida não é só desenhar. Além disso tudo, sou totalmente contra essa história de virar noite trabalhando, então durmo quase sempre bem cedo.

Para quem está começando agora, como se tornar um bom artista de pintura e desenho? Para onde ir? O que aprender? Onde estudar?

A primeira coisa para mim é assumir o erro como parte do processo. Então jogue sua querida borracha fora e pratique o desapego. Depois é desenho, desenho, desenho e mais desenho. Desenhe até a mão cair, depois custure a mão e continue a desenhar. Quando ela cair de novo, repita o processo. E continue eternamente, é o que eu estou tentando fazer.

Você pode ver mais de Gustavo Rodrigues aqui:

Tumblr

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