- Todos aqui? - Presidia Homero. - Estou nervoso. - Calma Mauro. - Retrucou Mariazinha. - Falta o Pregão. - Zenildo afirma. - Onde ele está? - Continuou Homero. - Disse que ia ao banheiro. - Mas logo agora?! - Estou nervoso, isso não vai dar certo. - Mauro pelo amor de Deus! - Fala Mariazinha já nervosa. - O Pregão disse que não dava pra segurar, estava apertado. - Zenildo continua. Entrando pela sala vinha o Pregão. - Cheguei! Ufa... - Até que fim, não íamos poder te esperar mais. - Fala Homero já sem paciência. - Gente, que tal se suspendermos a reunião? Hoje não me parece um bom dia e... - Mauro, eu juro, vou perder a paciência com você! - levanta a voz Mariazinha completamente irritada. - Muito bem, todos quietos. - Homero diz tomando as rédeas da reunião - O motivo de estarmos aqui é para planejarmos como tomar o controle de Brasília, como todos sabem a situação por lá não anda fácil. Temos que nos espalhar internamente, cada um tomando a frente de um cargo importante em um partido. - Mas Homero, não vai dar muito na cara não? - Se manifesta Pregão. - Não se nos comportarmos como um deles. Teremos que fazer todos os outros pensarem que somos seus aliados. - E como fazemos isso? - Mariazinha pergunta curiosa. - É não tem como, devíamos deixar isso pra lá. - Diz Mauro. - Não vai ser fácil! No começo teremos que fazer coisas que não estamos de acordo. - Diz Homero com seriedade - Teremos que aceitar propina! Participar de esquemas, até mesmo roubar impostos se for preciso! Mas precisamos da confiança dos outros políticos. - Mas isso não pode dar problema pra gente? E se o povo descobrir que estamos roubando? Podemos ser presos. - É verdade Zenildo, podemos! Mas teremos que nos arriscar por um bem maior. Alguns de nós serão pegos, ficarão com a ficha suja, é um fato! Mas se isso acontecer, só vai favorecer nosso golpe. As pessoas que forem punidas pela justiça só ganharão mais a confiança dos chefões dos partidos. - Tá, mas e quando o golpe de fato vai começar? - Pregão se mostra cada vez mais curioso. - Não há data exata, assim que nos aceitarem como um deles começaremos a agir. Quando todos não estiverem olhando, criaremos leis que favorecerão o povo! Mandaremos cartas anônimas denunciando os ladrões e o abuso de poder. Vamos nos aproveitar do voto secreto para votar contra a politicagem. - Acho que estou entendendo, ninguém vai desconfiar de nós porque também já estaremos "sujos" na praça, mas o que vamos fazer com o dinheiro que "recebermos" da propina e dos desvios? - Diz Zenildo fazendo o sinal de aspas com as mãos ao falar "sujos" e "recebermos". - Podemos doar para a caridade, afinal ninguém vai saber... - sugere Mauro tentando se manter calmo. - Mas pera, se ficarmos um mandato inteiro lá sem aparentemente melhorarmos nossas condições financeiras as pessoas vão desconfiar! - Rebate Mariazinha. - Sim, por isso que nos primeiros 3 meses iremos gastar esse dinheiro com carros caros e casas luxuosas. Viajar para o exterior é um bom modo de ganhar visibilidade também, tudo o que for bem fácil de ser notado. Depois que atingirmos nossos objetivos poderemos indicar candidatos honestos para cargos, afinal, nessa altura já teremos influência lá dentro. - Aconselha Homero. - Mas e depois que conseguirmos o controle? O que fazer com o lucro que adquirimos? - Pregão tenta entender. - Já sei, aí sim podemos doar o que ganhamos pra caridade. - Insiste Mauro. - Não serei hipócrita! Muito desse dinheiro será gasto nas campanhas dos novatos que iremos indicar, mas o que restar... sei que vocês se sentirão tentados a não devolver, por isso assinaremos um termo de compromisso registrado secretamente em contrato. - Explica Homero. - Epa, epa, epa... mas isso vai servir como prova do que estamos planejando! - Pregão sorri irônico. - Verdade, mas um de nós guardará isso consigo o tempo todo, em um lugar que somente ele irá saber. Eu sugiro que seja o Mauro, todos de acordo? Antes que Homero continuasse a votação Mauro se manifesta. - POR QUE EU?! Não quero isso pra mim não, é muita responsabilidade! - É verdade o Mauro é fraco, deixa isso comigo. - Com você não Pregão, você é muito irresponsável! - Mariazinha se impõe. - Acalmem-se! - Homero tenta apaziguar os ânimos - Mauro é a melhor escolha, pois ficará com um cargo menor e não chamará muita atenção, além disso, não existe alguém mais honesto entre nós que ele. Mauro era uma pessoa extremamente ingênua, até hoje morava com a mãe e sempre dizia a ela com exatidão a que horas voltaria para casa. - Essa ingenuidade dele pode custar o plano todo, ainda acho que eu deveria ficar com os documentos. - Insistia Pregão. - Você nunca gostou de responsabilidades, porque isso de repente? - Mariazinha suspeitava. - Ora apenas quero colaborar! - Pregão se irritava com Mariazinha. - Pois eu sou contra Pregão ficar com esses documentos e me retiro do grupo se qualquer outra pessoa além do Mauro ficar com eles. - Mariazinha explodia. -E eu não aceito isso, esse banana vai entregar o plano e afinal de contas, você é o que dele para ficar defendendo? A mãe?! Ao se exaltar, Pregão levantava os braços, quando Zenildo percebe algo em baixo de sua camisa. - ELE ESTÁ GRAMPEADO! EU VI! - Zenildo grita apontando para Pregão. Antes que pregão tentasse qualquer coisa, foi agarrado pelos colegas da sala. Mariazinha inspecionava o aparelho que retirou da cintura de Pregão. - Eu sabia que isso ia dar errado! O que vamos fazer?! - Quieto Mauro! Mariazinha, ele estava transmitindo para alguém? - Pergunta Homero. - Não, apenas gravando. - Mas o que faremos agora? - Pergunta Zenildo. - Continuaremos o plano. - Diz Homero com certeza. - E o que faremos com ele? - Mauro aponta com a cabeça para Pregão enquanto o segura. - Precisaremos dar um sumiço nele. - Homero fala com uma expressão sombria. - Mas... isso é demais, não podemos fazer isso! - Mauro diz assustado. - Poderíamos exilar ele em outro país. - Sugere Mariazinha. - Mas isso não é ditadura? - Diz Zenildo. Homero pensa por um minuto, olha para todos e concorda com Mariazinha. - Isso será pelo bem do País.