A apreensão tomava conta de seu corpo, nessa altura dos acontecimentos toda a nave já havia sido vítima da criatura. Armado até os dentes com lança-chamas e granadas de fumaça já não sabia mais se era o caçador ou a caça. Como é possível que uma gosma preta com aproximadamente 10 cm pudesse derrubar 2 adultos, uma criança e um cachorro apenas tendo contato com a pele? Os nervos pareciam que se partiriam, de repente "AHHH" uma goteira vinda da ventilação quase o mata do coração quando cai em sua frente. Respira fundo. E continua... Com os óculos especiais de calor avista a criatura. Ela é mais rápida do que imaginava, não há tempo para atirar! De frente para o monitor assistindo apreensivo ao filme, penso como o herói irá se safar dessa e no mesmo momento percebo algo com o canto do olho se movendo entre a estante e a porta. Ainda assustado pelo filme, mas calmo e movido pela curiosidade viro lentamente a cabeça para ver o que se move ali e percebo que o vulto tem a mesma reação! Incrédulos, eu e o vulto, ficamos nos observando por aproximadamente 3 segundos que pareciam parar o tempo, pensando: "Que diabos?!" Rapidamente quando termina o estranhamento o ratinho que me observava da porta e eu caímos em si do perigo para ambos e num movimento quase "the fláshico" ele volta correndo para baixo da estante, enquanto eu... Bem eu faço o que qualquer homem de 20 poucos anos faria. "MÃEEEE!" Ora, não me leve a mal, mato quantas baratas e insetos forem necessários, removo quantos lagartixas forem precisas, lido com quantas lacraias estiverem incomodando, mas UM RATO?! Ele te observa com os olhinhos cheios de expressão, tem reações inteligentes, aparenta saber coisas que você não sabe, ELE ESPIRRA! Definitivamente não iria subir em uma cadeira e gritar, mas com certeza não colocaria minhas mãos nele para colocá-lo para fora e muito menos cometeria o assassinato de meu parente mamífero. A cena a seguir seria hilária se não fosse trágica, com a ajuda da minha mãe armada de uma vassoura, já não sabendo mais se eu era o caçador ou se havia me tornado a caça, juntos fechamos todas as entradas da casa e abrimos caminho para a saída, fizemos o rato correr de baixo da estante que como um raio tentou fugir para o banheiro, mas sem perceber que a porta estava fechada, assustado, bateu com a cabeça nela, ainda zonzo, se dirigiu a sala, que tinha caminho livre, pois não havia porta barrando o caminho, mas se deparou comigo assustado, tentando assustá-lo, o que surpreendentemente deu certo. Em um desfecho incrível, minha mãe da uma vassourada no pequeno invasor que, provavelmente, o fez ter a viagem mais rápida de sua vida. Da copa para o lado de fora da casa em menos de 1 segundo. Nessa altura do campeonato, a criatura correu para baixo da escada do quintal, onde ficam as ferramentas, envolto na noite escura, com a promessa de que retornaria.